Obras públicas, meio ambiente e assistência social lideram o ranking das áreas mais citadas na consulta da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) ao projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025. Elas concentraram 53% das sugestões da população de como o dinheiro da cidade deve ser investido no próximo ano.
Realizado entre os dias 16 e 30 de maio e conduzido pela Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização, o processo teve uma adesão recorde, com 692 participações. O número é 31% maior na comparação à consulta do ano passado à LDO.
A condução da audiência pública coube à vice-presidente da Comissão de Economia, Indiara Barbosa (Novo). As sugestões da população, lembrou ela, “poderão ser, após a análise técnica, objeto de emendas ao projeto de lei”, apresentadas pelos vereadores ou pelo colegiado permanente.
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Líder do ranking, obras públicas receberam 128 manifestações populares. Destacam-se, nesta área, os pedidos à pavimentação asfáltica (54%), seguidos por demandas na área de drenagem, para evitar enchentes (16%), e operações tapa-buracos e pequenas intervenções de recuperação do asfalto (10%).
Quase empatado com obras públicas, meio ambiente reuniu 127 sugestões. A maior parte das propostas contempla a implantação de parques e praças (67%). Destacam-se, ainda, as indicações relacionadas à realização de estudos para projetos ligados a energias sustentáveis e à sustentabilidade (14%) e a manutenção de parque e praças (8%).
Terceira colocada na consulta pública da Câmara de Curitiba, a temática da assistência social foi responsável por 112 indicações. O mote principal das sugestões foi para que a LDO 2025 traga ações voltadas à proteção das crianças e dos adolescentes (84%). Em seguida, aparecem demandas para o atendimento da população em situação de rua (9%) e para políticas de qualificação e emprego (4%).
O ranking das cinco áreas temáticas mais demandadas na consulta pública à LDO 2025 evidencia, depois de obras públicas, meio ambiente e assistência social, os pedidos para segurança pública (95 manifestações) e para educação (91).
Do total de 784 participações, 92 foram desclassificadas por não atenderem ao regulamento da pesquisa ou por constarem em duplicidade, restando 692 propostas válidas. Destas, predominou o envio das manifestações de forma on-line (99%), em contraponto às urnas instaladas na CMC.
A adesão à consulta pública superou os números de 2023, quando 527 responderam ao questionário da Câmara de Curitiba sobre quais áreas deveriam priorizadas na destinação dos recursos públicos, na capital. Desde que a ferramenta foi criada, em 2012, a média histórica é de 355 participações.
A consulta pública à Lei Orçamentária Anual (LOA), projeto encaminhado à Câmara e votado no segundo semestre de cada ano, costuma mobilizar um número maior de pessoas. Em 2023, a pesquisa bateu o recorde de participação popular, engajando 2.447 cidadãos curitibanos (saiba mais sobre a média histórica).
João Paulo Mehl, diretor do Terraço Verde, movimento que articula produtos e serviços ligados à sustentabilidade urbana, agradeceu à Câmara Curitiba pela realização da consulta pública adicional. “Nos mobilizamos fortemente para a participação e o resultado foi demonstrado nos slides, onde o meio ambiente ficou [praticamente] empatado com obras e, muito provavelmente, uma das propostas que a gente trouxe foi uma das mais votadas”, afirmou.
“Emergência climática é uma pauta que não pode mais ser colocada como uma solução para o futuro, é uma solução para o presente”, pediu. “É urgente que as cidades brasileiras percebam o que aconteceu no Rio Grande do Sul.”
“Mas não apenas no Rio Grande do Sul, que elas [as pessoas] percebam o que acontece também em Curitiba, quando vemos a Vila Parolin, quando vamos ao CIC”, ponderou. Para Mehl, o investimento em políticas públicas de combate às mudanças climáticas é “da mais absoluta prioridade em Curitiba”.
A proposta mobilizada pelo Terraço Verde é para a implantação de minipraças com os chamados jardins de chuva. A solução, defendeu o diretor da entidade, “é econômica e fácil de implementar”. O ideal, defendeu, seria criar três jardins de chuva em cada bairro de Curitiba.
Além disso, Mehl chamou a atenção para a importância de políticas públicas voltadas à compostagem, dentro da política de lixo zero, e dos telhados verdes, que podem ajudar a absorver as águas das chuvas. “Isto é economia para a cidade, porque se [a água da chuva] demora mais para ir para as galerias pluviais, descongestiona o sistema e, portanto, pode evitar enchentes”, indicou.
Indiara Barbosa comentou que as políticas públicas para o meio ambiente são um tema frequentemente debatido na Câmara de Curitiba. “Acho bem pertinente a intervenção do cidadão João Paulo Mehl, que diz respeito às mudanças climáticas”, observou Professora Josete (PT).
Superintendente executiva da Secretaria Municipal de Planejamento, Finanças e Orçamento, Daniele Regina dos Santos defendeu as ações já realizadas pelo Município. A servidora citou a manutenção constante nas galerias pluviais, para a fluidez das águas das chuvas; a implantação do Bairro Novo da Caximba, realocando a população de áreas de proteção ambiental; a criação de parques, usados dentro do conceito de esponja; e as obras de dragagem dos rios.
“São práticas rotineiras de manutenção da cidade e também práticas de investimento para que a gente tenha cada vez mais uma cidade com condições de absorver as mudanças climáticas que aí estão”, disse a superintendente executiva de Finanças.
Presidente do Instituto Municipal de Administração Pública (Imap), Alexandre Matschinske falou sobre a consulta pública conduzida pela Prefeitura, o Fala Curitiba, à LDO 2025, no mês de março. De acordo com ele, 8.974 pessoas participaram do processo, de forma on-line e pelos formulários disponibilizados no Fala Móvel, resultando em 32.629 indicações.
No Fala Curitiba, cada cidadão podia indicar 5 subitens, organizados dentro de 10 políticas públicas. As indicações são voltadas à administração regional do participante. “Obras públicas é realmente o tema mais solicitado pelo cidadão, tanto no Fala Curitiba como também na consulta feita pela Câmara”, confirmou Matschinske. Dentro desta área, ele frisou os pedidos para a pavimentação asfáltica.
O presidente do Imap apontou que o número de participações no Fala Curitiba cresceu “9% em relação à participação na LDO do ano passado”. “Agora estamos na parte final, que é a apresentação da LOA”, explicou.
“É um programa reconhecido, premiado e que está atingindo o resultado, atendendo a população”, reforçou o líder do governo, Tico Kuzma (PSD). As reuniões presenciais do Fala Curitiba contam com a presença de técnicos do Executivo, de diferentes áreas, e “muitos problemas se resolvem” ali, sem a necessidade de entrar no Orçamento.
“[O Fala Curitiba] é um dos programas mais premiados de audiências públicas, […] de longe, o mais eficiente programa que já foi criado, eficiente também na execução daquelas propostas que foram solicitadas pela população”, parabenizou o vice-líder Bruno Pessuti (Pode). “Vocês também percebem isto também, estas mudanças nas consultas públicas?”, questionou o vereador Jornalista Márcio Barros (PSD) sobre o aumento de demandas em áreas ligadas a tragédias de grande repercussão, como as inundações no Rio Grande do Sul.
“Com certeza esta é uma verdade e uma questão que acompanhamos ano a ano”, respondeu Matschinske sobre o programa criado em 2017. “À medida que a Prefeitura vai trabalhando e vai entregando aquilo que é pedido, a população vai, cada vez mais, vendo outras prioridades”, avaliou.
Giorgia Prates – Mandata Preta (PT) levantou questionamento à participação popular nas áreas periféricas de Curitiba. Noemia Rocha (MDB), por sua vez, apontou a queda das manifestações apresentadas por meio do Fala Curiitba Móvel.
Em resposta às vereadoras, Matschinske defendeu que a participação popular, somando os diferentes canais, aumenta a cada ano. “Teve um aumento de 9% da participação, no ano passado teve um aumento em relação ao ano anterior e assim sucessivamente. Nós esperamos terminar o Fala Curitiba de 2025 com mais de 30 mil pessoas [participantes]”, argumentou.
“O Fala Curitiba não visa atender a tudo que é pedido”, complementou o presidente do Imap. “A ideia é que a gente construa o Orçamento de forma a priorizar aquelas que são as demandas mais solicitadas pelas comunidades, o que é mais pedido.”
Texto da Câmara Municipal de Curitiba